segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Hemorragia Interna e outras ...

Os casos de hemorragia interna são também de muita gravidade,
devido ao grau de dificuldade de sua identificação por quem está
socorrendo.
Suspeitar de hemorragia interna se o acidentado estiver envolvido em:
· Acidente violento, sem lesão externa aparente
· Queda de altura
· Contusão contra volante ou objetos rígidos
· Queda de objetos pesados sobre o corpo
Mesmo que, a princípio, o acidentado não reclame de nada e tente
dispensar socorro, é importante observar os seguintes sintomas:
a) Pulso fraco e rápido
b) Pele fria
c) Sudorese (transpiração abundante)
d) Palidez intensa e mucosas descoradas
e) Sede acentuada
f) Apreensão e medo
g) Vertigens
h) Náuseas
i) Vômito de sangue
j) Calafrios
k) Estado de choque
l) Confusão mental e agitação
m) "Abdômen em tábua" (duro não compressível)
n) Dispnéia (rápida e superficial)
o) Desmaio
A conduta deve ser procurar imediatamente atendimento
especializado, enquanto se mantém o acidentado deitado com a cabeça
mais baixa que o corpo, e as pernas elevadas para melhorar o retorno
sanguíneo. Este procedimento é o padrão para prevenir o estado de choque.
Nos casos de suspeita de fratura de crânio, lesão cerebral ou quando
houver dispnéia, a cabeça deve ser mantida elevada.
Aplicar compressas frias ou saco de gelo onde houver suspeita de
hemorragia interna. Se não for possível, usar compressas úmidas.

Outras Hemorragias
Existem hemorragias que nem sempre são decorrentes de
traumatismos. São as hemorragias provocadas por problemas clínicos.
Hemorragia Nasal (Epistaxe ou Rinorragia)
É a perda de sangue pelo nariz. A hemorragia nasal pode ocorrer
por traumatismo craniano. Neste caso, especialmente quando o sangue
sai em pequena quantidade acompanhada de líquor, o corrimento não
deve ser contido e o acidentado precisa de atendimento especializado
com urgência. A hemorragia do nariz é uma emergência comum que
geralmente resulta de um distúrbio local, mas pode decorrer de uma grave
desordem sistêmica.
Em muitos casos a epistaxe não tem causa aparente. Pode ocorrer
devido à manipulação excessiva no plexo vascular com rompimento dos
vasos através das unhas; diminuição da pressão atmosférica; locais altos;
viagem de avião; saída de câmara pneumática de imersão ou sino de
mergulho; contusão; corpo estranho; fratura da base do crânio; altas
temperaturas; dentre outras. Às vezes pode ocorrer como sintoma de um
grave transtorno no organismo que requer investigação imediata, como
por exemplo crise hipertensiva.
As hemorragias nasais sempre podem ser estancadas. As medidas
para contenção devem ser aplicadas o mais rapidamente possível, a fim
de evitar perda excessiva de sangue.
Primeiros Socorros
Ao atender um caso de epistaxe deve-se observar a seguinte conduta:
· Tranqüilizar o acidentado para que não entre em pânico.
· Afrouxar a roupa que lhe aperte o pescoço e o tórax.
· Sentar o acidentado em local fresco e arejado com tórax recostado e a cabeça levantada.
· Verifique o pulso, se estiver forte, cheio e apresentar sinais de hipertensão, deixe que seja eliminada certa quantidade de sangue.
· Fazer ligeira pressão com os dedos sobre a asa do orifício nasal de onde flui o sangue, para que as paredes se toquem e, por compressão direta o sangramento seja contido.
· Inclinar a cabeça do acidentado para trás e manter a boca aberta.Sempre que possível aplicar compressas frias sobre a testa e nuca.
· Caso a pressão externa não tenha contido a hemorragia, introduzir um pedaço de gaze ou pano limpo torcido na narina que sangra. Pressionar o local.
· Encaminhar o acidentado para local onde possa receber assistência adequada.
· Em caso de contenção do sangramento, avisar o acidentado para evitar assoar o nariz durante pelo menos duas horas para evitar novo sangramento.

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Toda hemorragia nasal que ocorre com relativa
freqüência, sem causa evidente, requer investigação
imediata por profissional qualificado.
Toda hemorragia nasal que se segue a contusões na cabeça
deve ser investigada imediatamente por profissional
qualificado.
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Hemoptise
Hemoptise é a perda de sangue que vem dos pulmões, através das
vias respiratórias. O sangue flui pela boca, precedido de tosse, em pequena
ou grande quantidade, de cor vermelho vivo e espumoso.
Para alguns autores, a excessiva perda de sangue e a insuficiência
respiratória são igualadas por poucas condições em suas potencialidades
de ameaçar diretamente a vida do acidentado. Neste contexto a hemoptise
pode representar um dos mais alarmantes sinais de emergência.
Ao contrário da hemorragia externa, a fonte e a causa exatas da
hemorragia pulmonar são muitas vezes desconhecidas das vítimas dessa
condição, e a sua natureza desconhecida contribui para acentuar o medo.
As causas mais freqüentes de hemoptise são:
a) Bronquiectasia
b) Tuberculose
c) Abscesso pulmonar
d) Tumor pulmonar
e) Estenose da válvula mitral
f) Embolia pulmonar
g) Traumatismo
h) Alergia (poeiras, vapores, gases, etc).
O acidentado além dos sintomas anteriormente descritos pode
apresentar também palidez intensa, sudorese e expressão de ansiedade e
angústia, o que caracteriza a entrada em estado de choque.
A seguinte conduta deve ser observada:
· Tranqüilizar o acidentado e amenizar-lhe o medo.
· Deitá-lo de lado para prevenir sufocamento pelo refluxo de sangue.
Deixá-lo em repouso.
· Recomendar que não fale e nem faça esforço.
· Não demonstrar apreensão.
· Providenciar transporte urgente para local onde possa receber
atendimento especializado.
 
Hematêmese
É a perda de sangue através de vômito de origem gástrica
(sangramento, por exemplo: úlcera) ou esofagiana (ruptura de varizes
esofagianas). O sangue sai só ou junto com resto de alimento. A coloração
do sangue pode ser de um vermelho rutilante (raro) ou, após ter sofrido
ação do suco gástrico, apresentar-se com uma coloração escura. É a
chamada hematêmese em borra de café.
A hematêmese é comum em enfermidades como varizes do esôfago,
úlcera, cirrose e esquistossomose. Pode ter como causas: mecânicas ou
tóxicas (arsênico, sulfureto de carbono, mercúrio) ou inflamatórias.
Toda hemorragia interna que demora a se exteriorizar pode ser
identificada pelos seguintes sinais: palidez intensa, distensão abdominal,
extremidades frias e úmidas, pulso rápido e fraco. Quando se exterioriza o
sangramento, os sinais são os mesmos, acrescidos dos sintomas: fraqueza,
tontura, enjôo, náusea antes da perda de sangue, vômitos com sangue
escuro e desmaio.
Proceder de acordo com a seguinte conduta:
· Manter o acidentado em repouso em decúbito dorsal (ou lateral
se estiver inconsciente), não utilizar travesseiros.
· Suspender a ingestão de líquidos e alimentos.
· Aplicar bolsa de gelo ou compressas frias na área do estômago.
· Encaminhar o acidentado para atendimento especializado no NUST.
 
Estomatorragia
É o sangramento proveniente da cavidade oral/bucal.
Proceder à compressão da área que está sangrando, usando uma
gaze ou pano limpo até estancar a hemorragia. Dependendo do volume
do sangramento e das dificuldades para estancá-lo, deve-se procurar
atendimento especializado imediatamente. Sugerir o acidentado que procure
socorro especializado do NUST mesmo que a hemorragia tenha sido
contida.
No caso de hemorragia dentária deve-se colocar um rolo de gaze,
ou atadura, ou um lenço enrolado e apertar fortemente o local que sangra
contra a arcada dentária até a contenção do sangramento. Isto pode ser
feito com a mão ou o paciente mordendo a compressa de tecido.

Melena e Enterorragia
É a perda de sangue escuro, brilhante, fétido e com aspecto de
petróleo, pelo orifício anal, geralmente provocada por hemorragia no
aparelho digestivo alto (melena) ou no aparelho digestivo baixo
(enterorragia - sangue vivo). Assim com a hematêmese, este tipo de
sangramento é também originado por doença gástrica ou devido a
rompimento de varizes esofagogástricas, cirrose hepática, febre tifóide,
perfuração intestinal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa
inespecífica, tumores malignos do intestino e reto, hemorróidas e outras.
Obedecer aos seguintes procedimentos:
· Tranqüilizar o acidentado e obter sua colaboração.
· Deitar o acidentado de costas.
· Aplicar bolsa de gelo sobre o abdômen, na região gástrica e intestinal.
· Aplicar compressas geladas na região anal (sangramento por hemorróidas).
· Encaminhar o acidentado para atendimento especializado com urgência.
 
Metrorragia
É a perda anormal de sangue pela vagina. Este tipo de hemorragia
pode ter causas variadas:
a) Abortamento, provocado ou não.
b) Hemorragias do primeiro trimestre da gravidez (gravidez ectópica e outras).
c) Traumatismos causados por violências sexuais (estupro) e acidentes
d) Tumores malignos do útero ou da vulva (carcinomas)
e) Hemorragia pós-parto, ocasionada pela retenção de membranas placentárias, ruptura e traumatismos vaginais devidos ao parto ou não.
f) Distúrbio menstrual

Toda hemorragia durante a gravidez é anormal, podendo representar
sério risco tanto para a gestante quanto para o feto. Por isto, o acidentado
deve ser encaminhada para receber assistência médica tão logo lhe sejam
prestados os primeiros socorros.
Conduta no caso de hemorragias de vítimas reconhecidamente
grávidas, ou com suspeitas de gravidez admitida:
1.Manter a gestante em repouso, deitada, aquecida e tranqüiliza-la.
2.Impedir sua deambulação e qualquer forma de esforço.
3.Conservar a totalidade do sangue e dos produtos expulsos do útero para mostrar ao médico.
4. Encaminhar para assistência médica ou serviços de saúde.
5. Prevenir o estado de choque.
No caso de sangramento acompanhar-se de forte dor abdominal,
deve-se suspeitar de gravidez ectópica (extra uterina). Neste caso o
acidentado deve ser transportado com urgência para hospitalização e o
transporte deve ser feito com o acidentado em repouso, se possível deitado
e aquecido. Não administrar alimentos líquidos ou sólidos. Nestes casos,
suspeita de prenhes ectópica rôta. Atenção para os sinais de choque.
Conduta no caso de hemorragias não relacionadas com a gravidez:
1.Investigar o mais completamente possível a história para descartar uma possível gravidez.
2.Mantê-la em repouso, deitada e procurar tranqüilizá-la.
· Impedir deambulação e qualquer forma de esforço.
· Aplicar absorvente higiênico externo.
· Aplicar bolsa de gelo ou compressas geladas sobre a região pélvica (baixo ventre).
· Encaminhar para assistência especializada.
 
Otorragia
É o sangue que sai pelo conduto auditivo externo. Pode ser causada
por ferimento no ouvido externo, contusão por corpo estranho e trauma.
Os traumatismos cranianos podem provocar hemorragia pelo ouvido,
quando então, geralmente o sangue vem acompanhado de líquor. Não se
deve estancar este tipo de hemorragia, e a procura de socorro médico
nestes casos deve ser urgente.
Nas otorragias simples, pode-se introduzir no ouvido um pequeno
pedaço de gaze e deixá-lo no local até que a hemorragia pare. É sempre
conveniente encaminhar o acidentado para atendimento especializado do
NUST, para esclarecimento.
 
Hematúria
É a perda de sangue juntamente com a urina. Pode ocorrer em
conseqüência de traumatismo com lesão do aparelho urinário (rins, ureter,
uretra, bexiga) ou em caso de doença como nefropatia, cálculo,
infecção, tumor, processo obstrutivo ou congestivo e após intervenção
cirúrgica no trato urinário.
Pode ser classificada em macroscópica ou microscópica, se é visível
a olho nu ou não, e em inicial, total e terminal, de acordo com a fase de
micção em que aparece.
Encaminhar o acidentado para atendimento especializado.


Fonte: Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz, 2003

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