domingo, 5 de fevereiro de 2012

Hemorragias

Definição
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas cavidades naturais
como nariz, boca, etc; ela pode ser também, interna, resultante de um
traumatismo.
As hemorragias podem ser classificadas inicialmente em arteriais e
venosas, e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas.
Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em que o sangue sai em
jato pulsátil e se apresenta com coloração vermelho vivo.
Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em que o sangue é mais
escuro e sai continuamente e lentamente, escorrendo pela ferida.
Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eliminado para o
exterior do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo,
ou quando se processa nos órgãos internos que se comunicam com o
exterior, como o tubo digestivo, ou os pulmões ou as vias urinárias.
Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue extravasa em uma
cavidade pré-formada do organismo, como o peritoneu, pleura, pericárdio,
meninges, cavidade craniana e câmara do olho.
Conseqüências das Hemorragias
· Hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento
do estado de choque e morte.
· Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, através de uma úlcera)
causam anemia (ou seja, quantidade baixa de glóbulos vermelhos).
Quadro Clínico
Varia com a quantidade perdida de sangue, velocidade do
sangramento, estado prévio de saúde e idade do acidentado.
A. Quantidade de sangue perdido (Quadro IX)
Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as
hemorragias. Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas
pode ser estimada através da avaliação do acidentado (sinais de choque
compensado ou descompensado).

 
 B.Velocidade
Quanto mais rápida as hemorragias, menos eficientes são os
mecanismos compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar
uma perda de um litro de sangue, que ocorre em período de horas, mas
não tolera esta mesma perda se ela ocorrer em minutos. Não pode ser
medida, mas pode ser estimada através de dados clínicos do acidentado.
 A hemorragia arterial é menos freqüente, mas é mais grave e precisa
de atendimento imediato para sua contenção e controle. A hemorragia
venosa é a que ocorre com maior freqüência, mas é de controle mais fácil,
pois o sangue sai com menor pressão e mais lentamente.
As hemorragias podem se constituir em condições extremamente
graves. Muitas hemorragias pequenas podem ser contidas e controladas
por compressão direta na própria ferida, e curativo compressivo. Uma
hemorragia grande não controlada, especialmente se for uma hemorragia
arterial, pode levar o acidentado à morte em menos de 5 minutos, devido
à redução do volume intravascular e hipoxia cerebral (anemia aguda).
A hemorragia nem sempre é visível, podendo estar oculta pela roupa
ou posição do acidentado, por exemplo, uso de roupas grossas, onde a
absorção do sangue é completa ou hemorragias causadas por ferimentos
nas costas quando o acidentado estiver deitada de costas. O sangue pode
ser absorvido pelo solo ou tapetes, lavado pela chuva, dificultando a
avaliação do socorrista. Por este motivo o acidentado deve ser examinada
completamente para averiguar se há sinais de hemorragias.
Os locais mais freqüentes de hemorragias internas são tórax e
abdome. Observar presença de lesões perfurantes, de equimoses, ou
contusões na pele sobre estruturas vitais. Os órgãos abdominais que mais
freqüentemente produzem sangramentos graves são o fígado, localizado
no quadrante superior direito, e o baço, no quadrante superior esquerdo.
Algumas fraturas, especialmente as de bacia e fêmur podem produzir
hemorragias internas graves e estado de choque. Observar extremidades
com deformidades e dolorosas e estabilidade pélvica. A distensão abdominal
com dor após traumatismo deve sugerir hemorragia interna.
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes
hemorragias do tórax produzem hemoptise. O sangramento do esôfago,
estômago e duodeno podem se exteriorizar através da hematêmese (vômito
com sangue), ou dependendo do vlume, através também de melena
(evacuação de sangue). Neste caso as condutas do socorrista visarão
somente o suporte da vida, principalmente de via aérea e respiração, até o
hospital, pois pouco há o que se fazer.
A hemorragia recebe nomes conforme o lugar onde se manifesta
ou o aspecto onde se apresenta. Tem basicamente duas causas,
espontânea ou traumática. No caso da espontânea, geralmente é o sinal
de alarme de uma doença grave. A hemorragia causada por traumatismo
é a mais comum nos ambientes de trabalho, e dependendo da sua
intensidade e localização, o mais indicado é levar o acidentado a um hospital,
porém em certos casos pode-se ajudar o acidentado, tomando
atitudes específicas, como veremos a seguir.
Em casos particulares, um método que pode vir a ser
temporariamente eficaz é o método do ponto de pressão.

A técnica do ponto de pressão consiste em comprimir a artéria lesada
contra o osso mais próximo, para diminuir a afluência de sangue na região
do ferimento.
Em hemorragia de ferimento ao nível da região temporal e parietal,
deve-se comprimir a artéria temporal contra o osso com os dedos
indicadores, médios e anular. Ver a localização da artéria na Figura 2.
No caso de hemorragia no membro superior, o ponto de pressão
está na artéria braquial, localizada na face interna do terço médio do braço.
Ver localização da artéria na Figura 1.
No caso de ferimento com hemorragia no membro inferior, o ponto
de pressão é encontrado na parte interna no terço superior, próximo à
região inguinal, que é por onde passa a artéria femoral. Nesta região a
artéria passa por trás dos músculos. Usar compressão muito forte para
atingí-la e diminuir a afluência de sangue.
Deve-se inclinar para frente, com o acidentado deitada e pressionar
com força o punho contra a região inguinal. É importante procurar manter
o braço esticado para evitar cansaço excessivo e estar preparado para
insistir no ponto de pressão no caso de a hemorragia recomeçar.
 *****
Conter uma hemorragia com pressão direta usando um
curativo simples, é o método mais indicado. Se não for
possível, deve-se usar curativo compressivo; se com a
pressão direta e elevação da parte atingida de modo que
fique num nível superior ao do coração, ainda se não for
possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo método
do ponto de pressão.
Atenção:
Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou se
houver suspeita de lesão interna tal como fratura.
*****

Manter o acidentado agasalhado com cobertores ou roupas, evitando
contato com chão frio ou úmido.
Não dar líquidos quando estiver inconsciente ou houver suspeita de
lesão no ventr/abdome.

Torniquete
Há casos em que uma hemorragia torna-se intensa, com grande
perda de sangue. Estes casos são de extrema gravidade.
Nestes casos, em que hemorragias não podem ser contidas pelos
métodos de pressão direta, curativo compressivo ou ponto de pressão,
torna-se necessário o uso do torniquete. O torniquete é o último recurso
usado por quem fará o socorro, devido aos perigos que podem surgir por
sua má utilização, pois com este método impede-se totalmente a passagem
de sangue pela artéria.
Para fazer um torniquete usar a seguinte técnica:
· Elevar o membro ferido acima do nível do coração.
· Usar uma faixa de tecido largo, com aproximadamente sete centímetros ou mais, longo o suficiente para dar duas voltas, com pontas para amarração.
· Aplicar o torniquete logo acima da ferida.
· Passar a tira ao redor do membro ferido, duas vezes. Dar meio nó.
· Colocar um pequeno pedaço de madeira (vareta, caneta ou qualquer objeto semelhante) no meio do nó. Dar um nó completo no pano sobre a vareta.
· Apertar o torniquete, girando a vareta.
· Fixar as varetas com as pontas do pano.
· Afouxar o torniquete, girando a vareta no sentido contrário, a cada 10 ou 15 minutos.

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Devemos estar conscientes dos perigos decorrentes
da má utilização do torniquete. A má utilização (tempo
muito demorado) pode resultar em deficiência circulatória
de extremidade. É absolutamente contra indicado a
utilização de fios de arame, corda, barbante, material fino
ou sintético na técnica do torniquete.
Usar torniquete nos casos de hemorragias externas graves:
esmagamento mutilador ou amputação traumática.
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A fixação do torniquete também pode ser feita com o uso de uma
outra faixa de tecido amarrada sobre a vareta, em volta do membro ferido.
É importante que se saiba da necessidade de afrouxar o torniquete
gradual e lentamente a cada 10 ou 15 minutos, ou quando ocorrer
arroxeamento da extremidade, para que o sangue volte a circular um pouco,
evitando assim maior sofrimento da parte sã do membro afetado. Se a
hemorragia for contida, deve-se deixar o torniquete frouxo no lugar, de
modo que ele possa ser reapertado caso necessário.

*****
O acidentado com torniquete tem prioridade no
atendimento e deve ser acompanhada durante o
transporte. É importante lembrar também de marcar e
anotar por escrito, de preferência no próprio corpo do
acidentado, a indicação de que há torniquete aplicado, o
local e a hora da aplicação, assim:
TQ BRAÇO 10:15h
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Fonte: Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz, 2003

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